Refletindo...


"É preciso viver, não apenas existir."
Plutarco


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Brian - o Cachorrão

Foi lá nos idos de 2004, parece tão longe, mas foi ontem, pois foram tantas as mudanças em nossas vidas e imagina na vidinha daquele serzinho, panda em miniatura, que acabara de chegar.
Um Springer Spaniel, branco e chocolate, ou é marrom, sei lá, é algo como chocolate ao leite da Nestlé. Veio de São Paulo, de uma casa cheia de crianças para Rondônia, uma casa que só tínhamos dois (eu e maridão): cara e bocas totalmente diferentes.
A história de seu translado de São Paulo para Porto Velho já foi uma aventura em si. Foi cancelado o vôo uma vez, chegaria de madrugada e precisaríamos convencer o "cara" da companhia para entregar o cachorro quando ele chegasse.
Que susto foi maior?! O nosso ou o dele, não sabemos.
Ainda no aeroporto, abrindo a caixinha que ele vinha, ele colocou a cabecinha para fora trazendo na boca um bonequinho. Que coisa mais linda! Era realmente aquilo que queríamos e um pouco mais. Nos apaixonamos.

Ficamos encantados. Mas, logo percebemos que ele não era tão bobinho assim. Tinha uma personalidade forte e marcante, já vinha com alguns ensinamentos básicos, como fazer pipi no jornal, e a sinalizar que já era hora do "rango". Isso, no inicio, tudo muito interessante, mas...
Logo vieram as mudanças. Tivemos que viajar e ele, quase um bebê, com cinco meses, tinha que ficar muito tempo sozinho. Descobrimos neste período que ele tinha pânico da solidão – Marley 2?
Depois, no ano seguinte, 2005, em fevereiro, eu tive que vir para São Luís, a primeira das etapas de muitas mudanças daí para frente. E, lá em Porto Velho, o "Cachorrão" - já com nome oficial de Brian, teve que ficar sozinho com o Murilo durante cinco meses.
Quando nos reencontramos de novo - em Cuiabá, onde marcamos nosso encontro para seguirmos viagem juntos, ele já estava com nove meses, um rapagão alegre com uma previsão que se confirmava – era hiperativo.

Naquele momento eu estava me juntando à trupe (Murilo e Brian - que já estava um bebezão) que vinham de Porto Velho, no "Uno Mille", para seguirmos até São Luís, onde deveríamos morar nos próximos 5 anos.
Imaginem a aventura que iniciaria daí por diante: estradas esburacadas, ermas, escuras, sem identificações de onde ou de quantos kilometros estávamos de algo para trás ou para frente - uma loucura.
Mas, Deus é Pai e no meio desde Brasil tinha um Brasil lindo de se ver. Cidades e plantações a indicar que tinha gente com vontade de trabalhar e de mudar este horizonte.
Tudo isso despertava em nós um misto de desânimo pelas estradas todas arrebentadas e o acreditar que temos "futuro" quando tem gente que quer que dê certo. E vamos em frente que atrás ficava um poeirão e pra frente tinha umas crateras enormes a serem vencidas. Foi cansativo! Mas, entre dores e cores íamos aproveitando para fazermos uma grande revisão de vida que nos fazia voltar para um passado gostoso e saudoso - a adolescência, a juventude.

A vida é como é. Ela vai ser dor ou cor dependendo do ângulo que olharmos a realidade. E a nossa realidade, da nossa família "quixotiana" (Murilo, Eu e o Brian), é feita de cores e cremos que deva ser sempre "cores" porque temos uma infinidade de "coleções coloridas" para darmos os matizes que desejarmos.
E uma destas coleções é um Brian, que descobrimos ao chegar em São Luís e, com o passar dos tempos, que ele não era um "cachorrinho assim, assim parecido com um cocker" - é um cachorrão padrão da forte raça Spinger Spaniel que, até então, não fazíamos a menor idéia de como seria.
Mas são outras histórias. Até a próxima...

4 comentários:

Unknown disse...

Querida Chica,

Mais uma vez, seu talento de escriba nos encheu de saudades, pois também vivemos com vocês, a chegada do Brian (não Bryan como escrevi anteriormente), que certeza temos, substituiu em parte a perda do saudoso Rogger.

Hoje me falta tempo para, por esta via, recordarmos aqueles convívio em PVH, “juntando panelas” um simples bate papo, mas certos de que doravante teremos assiduamente seus sublimes textos, teremos oportunidade, eu e Key, para expormos a saudades que sentimos e que desta forma a tornaremos mais branda.

Um grande abraço (aos três)

Mello/Key

murilo menezes disse...

Só fico na expectativa das receitas que o Mello vai colaborar quando o assunto for culinária e gastronomia, dos bacalhaus, aos dourados, passando pelos churrascos, tudo vamos cobrar o compartilhamento conosco. Êta Gauchão bom de cozinha.

Ziu Bitar disse...

Adorei a história do Brian!
Uma graça a narrativa, delicada e doce. bjs

Anônimo disse...

Que saudades dessa familia quixotiana...
De repente o Brian salta à minha memória e me deixa coberta de remorsos por ter me esquecido, por um momento aquela doce e hiperativa figurinha que animava sua casa em pvh.

Bjs,

Sandra e El