Foi lá nos idos de 2004, parece tão longe, mas foi ontem, pois foram tantas as mudanças em nossas vidas e imagina na vidinha daquele serzinho, panda em miniatura, que acabara de chegar.
Um Springer Spaniel, branco e chocolate, ou é marrom, sei lá, é algo como chocolate ao leite da Nestlé. Veio de São Paulo, de uma casa cheia de crianças para Rondônia, uma casa que só tínhamos dois (eu e maridão): cara e bocas totalmente diferentes.
A história de seu translado de São Paulo para Porto Velho já foi uma aventura em si. Foi cancelado o vôo uma vez, chegaria de madrugada e precisaríamos convencer o "cara" da companhia para entregar o cachorro quando ele chegasse.
Que susto foi maior?! O nosso ou o dele, não sabemos.
Ainda no aeroporto, abrindo a caixinha que ele vinha, ele colocou a cabecinha para fora trazendo na boca um bonequinho. Que coisa mais linda! Era realmente aquilo que queríamos e um pouco mais. Nos apaixonamos.
Ficamos encantados. Mas, logo percebemos que ele não era tão bobinho assim. Tinha uma personalidade forte e marcante, já vinha com alguns ensinamentos básicos, como fazer pipi no jornal, e a sinalizar que já era hora do "rango". Isso, no inicio, tudo muito interessante, mas...
Logo vieram as mudanças. Tivemos que viajar e ele, quase um bebê, com cinco meses, tinha que ficar muito tempo sozinho. Descobrimos neste período que ele tinha pânico da solidão – Marley 2?
Depois, no ano seguinte, 2005, em fevereiro, eu tive que vir para São Luís, a primeira das etapas de muitas mudanças daí para frente. E, lá em Porto Velho, o "Cachorrão" - já com nome oficial de Brian, teve que ficar sozinho com o Murilo durante cinco meses.
Quando nos reencontramos de novo - em Cuiabá, onde marcamos nosso encontro para seguirmos viagem juntos, ele já estava com nove meses, um rapagão alegre com uma previsão que se confirmava – era hiperativo.
Naquele momento eu estava me juntando à trupe (Murilo e Brian - que já estava um bebezão) que vinham de Porto Velho, no "Uno Mille", para seguirmos até São Luís, onde deveríamos morar nos próximos 5 anos.
Imaginem a aventura que iniciaria daí por diante: estradas esburacadas, ermas, escuras, sem identificações de onde ou de quantos kilometros estávamos de algo para trás ou para frente - uma loucura.
Mas, Deus é Pai e no meio desde Brasil tinha um Brasil lindo de se ver. Cidades e plantações a indicar que tinha gente com vontade de trabalhar e de mudar este horizonte.
Tudo isso despertava em nós um misto de desânimo pelas estradas todas arrebentadas e o acreditar que temos "futuro" quando tem gente que quer que dê certo. E vamos em frente que atrás ficava um poeirão e pra frente tinha umas crateras enormes a serem vencidas. Foi cansativo! Mas, entre dores e cores íamos aproveitando para fazermos uma grande revisão de vida que nos fazia voltar para um passado gostoso e saudoso - a adolescência, a juventude.
A vida é como é. Ela vai ser dor ou cor dependendo do ângulo que olharmos a realidade. E a nossa realidade, da nossa família "quixotiana" (Murilo, Eu e o Brian), é feita de cores e cremos que deva ser sempre "cores" porque temos uma infinidade de "coleções coloridas" para darmos os matizes que desejarmos.
E uma destas coleções é um Brian, que descobrimos ao chegar em São Luís e, com o passar dos tempos, que ele não era um "cachorrinho assim, assim parecido com um cocker" - é um cachorrão padrão da forte raça Spinger Spaniel que, até então, não fazíamos a menor idéia de como seria.
Mas são outras histórias. Até a próxima...